Eu fico um tanto quanto grilado e desconfiado com algumas coisas que circulam na internet, difamando tanto o Serra quanto a Dilma. Mas o engraçado nessa história toda é que muito do que se atribui negativamente ao Serra existe comprovação documental.

Quer um exemplo? Veja só.

Encaminharam-me um e-mail escrito pelo Pedro Paulo Cava, respeitabilíssimo profissional do teatro (e da cultura em geral, como gestor) em Belo Horizonte. E eu tive que prestar atenção porque 1) o Pedro Paulo não iria divulgar coisas sem fundamento, creio eu e 2) fiquei curioso em procurar a fonte documental de tal alegação.

No texto, dados do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) revelam os votos do então deputado constituinte, José Serra, em relação aos direitos trabalhistas. Ele foi favorável a algumas coisas, como o piso salarial e a reforma agrária, mas absteve-se em questões importantes como o direito de greve do servidor público (hoje, garantido pela Constituição, mas não executável imediamente) e foi contra a redução da jornada para 40 horas semanais.

Confira outros votos de Serra contrários aos direitos do trabalhador:

1) votou contra o monopólio nacional da distribuição do petróleo;
2) votou contra garantias ao trabalhador de estabilidade no emprego;
3) votou contra a redução da jornada de trabalho para 40 horas;
4) votou contra a implantação de Comissão de Fábrica nas indústrias;
5) negou seu voto pelo direito de greve do servidor público
6) negou seu voto pelo abono de férias de 1/3 do salário;
7) negou seu voto pelo aviso prévio proporcional;
8) negou seu voto pela estabilidade do dirigente sindical;
9) negou seu voto para garantir 30 dias de aviso prévio;
10) negou seu voto pela garantia do salário mínimo real.

LEGENDA: Bolinhas pretas = voto contrário. Bolinhas brancas = voto a favor. A = abstenção (negação do voto)

 
 Na propaganda, o Serra aparece apenas como Deputado Constituinte, mas ninguém publica os seus votos. O Departamento atribuiu nota 3,75 à atuação de Serra na Assembleia. Aécio Neves também votou contra a redução da jornada para 40 horas, além de se abster quanto ao direito de greve dos funcionários públicos - mas teve nota maior que seu "companheiro" tucano, 5,5. O ex-prefeito de BH Célio de Castro e o Lula ganharam nota dez. E aí?

(Só uma ponderação: não vi todo o debate de ontem. Mas senti que ambos estão "saindo pela esquerda", se é que você me entende...)