Sim, eu estive à Câmara ontem, acompanhando a plenária que iria discutir o veto ao reajuste de 61,8% ao salário dos vereadores de Belo Horizonte. Há muita coisa aqui que eu poderia citar e me delongar (como uma provável coronelagem de um grupo que estava lá na plenária, arregimentado por um certo vereador - que não vou citar o nome por medo, mesmo!), mas vou focar na discussão sobre o veto.

A 7ª sessão ordinária da 16ª legislatura da Câmara Municipal de BH começou pontualmente às 15 horas. Detalhe que para iniciar os trabalhos um trecho da Bíblia foi lido, causando furor dos aproximadamente 400 manifestantes que lá se encontravam. Estado laico lendo trecho bíblico em sessão legislativa é, no mínimo, proselitista. Mas sigamos adiante.

Léo Burguês (PSDB), a coxinha da vez (ui!, rimou), apareceu para presidir a plenária. Não ficou nem dez minutos e se retirou, delegando a presidência para o Alexandre Gomes (PSB). Foi uma sessão tumultuada, com vários protestos e gritos - em vários momentos a "Coxinha da Madrasta" foi entoada.

Vou citar alguns momentos-chave da plenária:

- Vereador Márcio Almeida (PRP) dando um minuto de silêncio pela morte do Wando;
- Vereador Fábio Caldeira (PSB) sendo firme em dizer que a votação não deveria ser secreta, mas aberta - como em Rio e em São Paulo;
- Vereador Joel Moreira Filho (PTC) dizendo que "o único instrumento para defender a população de BH é o voto secreto";
- Vereador Iran Barbosa (PMDB) dizendo que é hora do Joel Moreira Filho "evoluir" quanto à questão do sigilo.

Enfim, somente estando lá para sentir a pressão que foi.

Hei de fazer um aparte aqui por considerar o vereador Leonardo Mattos (PV) por manter a sua posição firme. Eu não concordo em absoluto com a sua posição de querer reajustar o salário, mas pelo menos ele foi homem o suficiente para aguentar a pressão e continuar na sua posição. Firmemente.

O veto foi mantido por 21 votos a 10. Estavam 36 vereadores presentes - não votaram Edinho "do Açougue" Ribeiro, Toninho Pinheiro (ambos do PT do B), Preto (DEM), Pricila Teixeira (PTB - engraçado que, por mais que seu nome estivesse como "presente" na lista, não a vi em nenhum momento) e Moamed Rachid (PDT, idem ibidem).

Sim, as redes mobilizadas puderam dar um direcionamento diferente à discussão do reajuste. A população - auxiliada pela grande mídia que anda, ao que parece, querendo ter uma cobertura diferenciada em relação à Câmara - foi um dos pilares da mudança.

Próximo passo: acompanhar as plenárias de 2012, para ver se nada absurdo irá passar aos nossos olhos.